FDJ DA SEMANA

"A maturidade que tenho hoje, morando sozinha, tendo que me virar, sem a mamãe pra cuidar de mim quando fico doente, é uma experiência incrível! Mas não deixei o Bethel de lado. Sempre que possível apareço, me sinto renovada depois de uma reunião, com a alma limpa."

Minha história com a Ordem começou quando eu tinha uns nove anos. Foi quando fui a uma reunião pela primeira vez. Meu irmão tinha entrado para a Ordem Demolay e eu e meus pais fomos a tal da homenagem conjunta de dia dos pais. Sabe criança quando ganha um brinquedo novo, com os olhos brilhando? Assim foi minha reação quando vi aquelas meninas entrando, vestindo branco, umas com capa e coroa.

Passaram-se dois anos e minhas primas, que nesse tempo tinham iniciado no Bethel me indicaram. Minha sindicância foi horrível, a Dé e a tia Lúcia chegaram antes do horário e eu estava super entretida no meu tapete de dança, imaginem só, eu toda suada, com aquela roupa de ficar em casa, bem no estilo chego em casa e viro mendigo! Hahah Mas mesmo assim elas me aceitaram e em 23 de novembro de 2001 entrei no Bethel Queren Hapuc.

No começo foi meio difícil, pois tinha apenas 11 anos e todas as meninas eram bem maiores. Logo minhas primas ganharam maioridade e me senti meio sozinha, mas mesmo assim continuei indo nas reuniões. Com o tempo, meninas da minha idade foram entrando e aos poucos fui me enturmando. Já fui primeira e quinta mensageiras, guardas interna e externa, segunda zeladora, secretária e guia fora as substituições, daí já fui todos os cargos, menos musicista! Hahaha

Passei por um período meio turbulento dentro e fora do Bethel. No ano que ingressei na ordem, meus pais tinham acabado de se separar, e estar lá no templo com as meninas, longe de toda a confusão da minha família me ajudou muito, afinal era uma criança e não entendia direito o que estava acontecendo.

Depois de um tempo, e muitas mudanças no Bethel, era sempre instigada pelo meu pai sobre o porquê continuava participando. Ele, após a separação pediu carta branca da maçonaria, e ao que me pareceu, fez questão de ser como se nunca tivesse entrado em alguma loja. Para ele, lá dentro só tinham ‘filhinhas de papai’ e não tinha por que continuar.

Foi então que decidi realizar meu sonho: Ser Honorável Rainha e mostrar para ele que eu era muito melhor do que ele pensava e que sim, tinha um ótimo motivo para continuar frequentando as reuniões. E para a minha surpresa, venci a eleição para guia e entrei para a linha. Lembro direitinho do dia, foi uma votação acirrada e eu não conseguia parar de chorar, mas não de tristeza, de alegria, por ver que as meninas confiavam em mim.

Mas naquele ano estava no terceirão, e o vestibular estava me assombrando. Eu era o orgulho da família, com as melhores notas da sala, dando aula particular para os alunos que estavam mal e óbvio todos me queriam em uma universidade federal. Foi então que passei no vestibular para a UFSC e teria que me mudar para Floripa. Meu coração ficou partido entre seguir meu sonho e chegar à tríade, ou me formar em uma universidade pública e de qualidade, tendo assim um diferencial no meu currículo. Decidi então que meu futuro profissional era mais importante, e deixei meu sonho para trás.

Moro em Floripa há quase quatro anos e como disse na minha cerimônia de maioridade, foi a melhor coisa que fiz. A maturidade que tenho hoje, morando sozinha, tendo que me virar, sem a mamãe pra cuidar de mim quando fico doente, é uma experiência incrível! Mas não deixei o Bethel de lado. Sempre que possível apareço, me sinto renovada depois de uma reunião, com a alma limpa.

E foi em uma dessas aparições, numa fase um pouco constante, que fizemos o sorteio para a reunião de cargos sorteados, a minha última desse modo, pois na gestão seguinte já estaria com 20 anos. Foi então que a irmã Andreza Azevedo, sem nem pensar muito, depois de ser sorteada para o cargo de Honorável Rainha, passou o cargo para mim. No Bethel já me conhecem como chorona, então não foi novidade que chorei muito! Ahhaha

E foi incrível, a reunião passou voando e parecia que já tinha feito o cargo milhões de vezes, mas também, depois de oito anos já sabia a reunião de cor! Hahah

Nela fiz a homenagem aos amigos e a dediquei a um grande amigo, o primo Demolay Eduardo Henrique Greuel, que está junto do Pai Celestial. Ele foi vítima de um câncer ósseo muito raro, e já faz um ano desde o seu falecimento. Até hoje me lembro do Dudu brigando comigo porque tinha indicado a irmã dele para a Ordem, mas o pensamento dele mudou depois da doença, me agradeceu, pois o Bethel sempre esteve do lado da Izabel e de toda a família. Hoje, fico apenas com as lembranças e a saudade.

Meus 20 anos chegaram e hoje entrei no hall das velhas. As meninas não cansam de me chamar de tia e já falaram pra eu entrar no conselho, mas por enquanto estou me dando férias, afinal o TCC enlouquece qualquer um!

Em todos esses quase 10 anos de Ordem só cresci e amadureci, mas no tamanho continuei baixinha hahah Nunca fui um grande exemplo de fdj ou uma referência, mas me orgulho pelo simples fato de ser Filha de Jó.

Maria Cláudia
Bethel #04 Blumenau - SC

3 comentários:

  1. Aii, mesmo depois de reler o texto milhões de vezes, deixei passar um erro gravíssimo! Entrei em 2002, não 2001 ahahahha
    Meninas, ameei participar, foi muito bom relembrar toda a minha trajetória dentro da ordem! Obrigadaa :)) BeiJó

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  2. Todos construimos uma história. Está é a da querida Maria Claúdia da qual eu tive o privilégio de conviver dentro e fora do nosso Bethel. Parabéns.

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  3. Amiga! Fico honrada de ter feito parte dos últimos 9 anos da tua trajetória no Bethel e tenho muito orgulho de te chamar de irmã! Parabéns pela maioridade (de novo)! :)

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Com amor de Jó,